A porta do coração

"Um homem havia pintado um lindo quadro. No dia de apresentá-lo ao público, convidou autoridades, fotógrafos, jornalistas e muita gente mais, pois o pintor tinha fama de grande artista.Chegado o momento, tirou-se o pano que cobria o quadro.

Houve calorosos aplausos. Era uma figura impressionante de Jesus batendo á porta de uma casa. O Cristo parecia vivo. Com as mãos de dedos longos batia suavemente e, com os ouvidos junto á porta, parecia querer ouvir se lá dentro alguém respondia...

Houve discursões e elogios . Todos admiravam aquela obra de arte.

Um observador curioso, porém, achou uma falha no quadro:

- A porta não tem fechaura. Como fará para abrí-la?

- É assim mesmo, respondeu o pintor... esta é a porta do coração humano... só se abre do lado de dentro". (D.A.)

Este conto é lindo e sua simbologia da fechadura é maravilhosa: só nós mesmos podemos abrir a porta de nossos corações. Ninguém mais tem este poder. A chave e nossa felicidade está em nossas mãos.

Esta história também nos permite refletir sobre o porquê da porta estar fechada. Por que será que as pessoas têm fechado a porta de seus corações? Por que trancar-se? será por orgulho? egoísmo? medo? experiências negativas do passado? Do que se quer proteger?

Eu percebo que muitas pessoas abrem o seu coração a Deus e/ou a quem amam, mas se fecham aos outros. Por que condicionam a abertura somente a poucas pessoas?

Por que abrir o coração é considerado difícil? será que é porque ele mostrará que a pessoa é bem diferente do que aparenta ser? será que é porque mostrará suas fragilidades?

Há pessoas que dizem que estão sempre 'abrindo o coração' aos amigos, mas o que muitas vezes acontece é um abrir querendo receber e não dar. É um abrir egoísta, onde a pessoa só quer ser ajudada, ouvida, amada. Algumas vezes, quer se livrar da solidão. Outras vezes, não se sente bem consigo própria e busca nos outros o alívio para sua dor.

Existem também aquelas que não abrem seus corações devido à continua tentativa de corresponder à padrões impostos pela sociedade ou pela mídia. Perdem a própria identidade e criam máscaras para si próprias na tentativa de adaptarem-se, de serem aceitas, de pertencerem a um grupo. Acabam negando a si mesmas, vivem infelizes representando papéis, correspondendo a expectativas dos outros. Receiam viver em plenitude a felicidade que mora dentro de si mesmas. E delegam aos outros a responsabilidade sobre suas próprias felicidades, sobre seus destinos. O resultado disto é o número cada vez mais crescente de casos de depressão, de transtornos alimentares, etc.

Para ser feliz, é importante abrir e deixar a porta do coração aberta. É estar disposto a amar e compartilhar com os outros a beleza do seu ser. Mostrar as suas fraquezas, mas também suas qualidades. É estar aberto às diferenças, às mudanças. É não ter medo de errar, não usar máscaras. É ser verdadeiramente autêntico e aceitar o outro como ele é.

(Autoria: Marta Betania - 4/11/2008)